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Crônicas

Medo


cronicas

O medo impera na nossa sociedade e toma conta da vida das pessoas. Não estamos mais seguros em lugar algum. Não podemos sair de casa. Não podemos voltar tarde porque podemos ser assaltados. Não podemos abrir o portão da garagem sossegados porque pode ter alguém a nossa espera para roubar o carro ou fazer algo pior. Não podemos deixar os filhos sozinhos em casa porque é perigoso. Não ficamos tranqüilos em deixá-los andarem na rua sozinhos porque é perigoso. Não podemos ter muitos cartões na bolsa. Não devemos andar com o talão de cheques inteiro na carteira, apenas com uma ou duas folhinhas, a quantidade que formos usar. Não podemos abrir e mexer na bolsa em locais públicos porque facilita a ação dos bandidos. Não podemos retirar dinheiro no caixa eletrônico depois de um certo horário porque é perigoso. Ao sairmos de casa para uma viagem, mesmo que seja somente um final de semana, quanto mais cadeados colocarmos na porta melhor. Se possível, acionamos alarme, cerca eletrônica e câmera de segurança.


Medo de sair de casa. Medo da violência. Medo do olhar do outro. Medo da repressão. Medo da exposição. Medo de viver.


A síndrome do medo e da insegurança se prolifera como uma doença de alto teor contagioso, transformando a vida em uma realidade artificial e superprotegida. A mente humana é dominada por neuroses, angústias, medo, pavor, desespero.


A sociedade está doente, trêmula, angustiada, insegura, impotente.


Mas se tivermos medo de tudo, deixando que esse medo generalizado tome conta de nossas vidas e consuma nossas mentes e energias, simplesmente não viveremos mais. Prisioneiros de nós mesmos. Deixaremos de viver, de sair de casa, de ir a uma festa, encontrar os amigos, caminhar no parque, viajar, trabalhar, ter filhos, nos divertir etc. Seremos os bandidos, os vilões, os verdadeiros assaltantes de nossas próprias vidas, de nossa própria personalidade. Passaremos a apenas subsistir. Sim, reféns em nossas casas, ou melhor, fortalezas. O problema não está no outro. Nós somos destruidores de nossas próprias vidas ao deixarmos o medo ser mais forte que nós.

fonte: a vida em cronica






A Falta de Memoria Nossa de Cada Dia!!

Raira Luana Védova


Cronicas

 


 


Todos dias percebo que tenho memória curta, abro a geladeira e olho no seu interior e a incógnita: “ o que eu vim pegar aqui?”. No meu caso é quase um ritual: fechar a porta da geladeira, voltar ao lugar onde estava na expectativa de me lembrar o que iria pegar lá dentro. Mas isso é o básico do meu esquecimento precoce, estou esquecendo tudo, de olhar a paisagem no caminho para o trabalho, de parar ao menos uma hora do meu dia pra fazer algo que gosto, de ficar um tempo olhando meus filhos dormirem e ver como estão crescendo. A rotina acabou com minha memória, agora é só trabalho, rede sociais e jornais pra acompanhar a situação política do país. Acho que quero mesmo é que o país e o governo explodam, quero voltar a viver. Ter do que me lembrar, o que olhar, não do que quero pegar na geladeira (apesar de que seria ótimo). Quero me lembrar do simples, de acordar de manhã e não pegar o celular pra ver o whatsApp, mas de encostar minha cabeça no ombro do meu marido ao lado e ficar olhando como é lindo, e lembrar os motivos que me fizeram amar esse homem, levantar ir ao banheiro, escovar os dentes e fazer um café da manhã simples pra minha família, é isso que meu tempo antes de ir pro trabalho, antes das crianças levantarem e van da escola chegar me permite, lembrar que tenho uma pilha de roupas pra lavar a noite e nem ficar decepcionada ou algo do tipo, afinal tive uns minutinhos pra ver meus filhos tomando café e um até reclamando de ter que ir pra escola. Viver é uma terapia pra memória, posso estar afogando meu texto na palavra “lembrar”, mas é isso que quero: lembrar, lembrar, lembrar. Vou confessar que desde o começo já sabia a verdade sobre minha falta de memória: Tenho me prendido tanto na rotina do dia a dia, que não tenho o que lembrar e esquecer um numero de telefone, a senha do banco ou algo que iria pegar na geladeira não me importa, o que me importa é esquecer de viver.

fonte: jornal o povo




AH… A PRAIA!

Bruno Alencarff

cronicas, poesias e reflexões

Minha fascinação por ela é uma imensidão, é imensurável. E pensar que é formada na mais tranquila e paciente espera. Foram necessários milhões de anos para podermos desfrutar de algumas horas do dia; no meu caso, de um bom feriado. Largo meus afazeres e presto somente atenção nela. O vento que vem de lá traz-me uma felicidade que não encontro nesse lado de cá. Mesmo que seja por pouco tempo, faço tudo para que esse tempo seja necessário, não para que desfrute de tudo que ela ofereça, e sim para que eu sempre sinta vontade de visitá-la. Sua voz é tão linda que tem concha que teima a imitá-la. Repare como ela é completa. Sinto o quente da areia, o frio da maré que chega. Oferece-me comida. Nunca me canso de falar dos ensinamentos da natureza. Tudo que vale a pena deve ser cultivado na medida certa do tempo. O perfeito é criado sem muita pressa, tornando-se duradouro. Que assim seja meu amor por ela. Quente quando está perto, frio quando a saudade aperta. Alimentado por tudo que está dentro dela. E que surja no tempo certo, para que possamos desfrutar na medida certa por um tempo indefinido. Para que no final eu possa prestar somente atenção nela.

fonte: Cronicas Simples


Invencões de Ano Novo!!!

Analu Faria


poesias e reflexões



Deixei as resoluções de fim de ano para lá, desta vez. Não me pergunte por quê. Será que 2015 foi louco demais? Será que é isso? Ainda assim, fui feliz este ano (mas não gostaria de alongá-lo, obrigada, já deu). Gratidão? Ah, sim, claro, sempre!, mas 2015 já poderia ter terminado lá para outubro.


Em homenagem a este ano que mais pareceu uma novela mexicana, resolvi mexicanizar e, em vez de resoluções, pensei em invenções e medidas esdrúxulas que eu queria ver realizadas em 2016. Aí vão:


1) uma lei (talvez precisasse ser uma emenda constitucional) que permita que não haja data final fixa para nada. Dessa forma, teríamos o início de prazo para, por exemplo, a entrega da declaração do imposto de renda, mas o prazo final poderia ser anunciado pela autoridade competente uns dois dias antes. A vantagem disso é que a gente nunca faria nada em cima da hora. Ah, e correria menos risco de desistir dos projetos, tipo: “tô pensando em fazer aquele concurso, mas como o prazo de inscrição ainda não acabou, eu posso pensar mais um pouquinho”. Em geral, a gente não faz o concurso;


2) uma tecla de silêncio para discussões políticas pautadas por abilolamentos de esquerda ou falta de noção de pessoas de direita. Assim, quando alguém começasse a dizer que não existem presos políticos em Cuba ou que bom mesmo era na época dos militares, você poderia simplesmente apertar essa teclinha e deixar as pessoas no mute, balançando a cabeça de vez em quando, para fingir que concorda;


3) uma máquina que abra potes de vidro (como os de palmito);


5) uma máquina que dobre aqueles lençóis que têm elástico;


7) remuneração por elogio; quanto mais convincente, maior a remuneração, que seria feita pelo elogiado; brincadeiras que desvirtuassem o esquema seriam punidas com o pagamento por parte daquele que a fizesse (ex.: chamar um careca de cabeludo, como “elogio”, seria desvirtuamento.);


8) açúcar que não engordasse e te fizesse mais saudável — melhorasse o colesterol, os triglicérides, regulasse os níveis de ferro no organismo etc.


9) multa para o uso excessivo das expressões “paradigma” e “agregar valor”.


E você? O que gostaria de ver “inventado” em 2016?


Feliz ano novo e que ele possa ser cheio de boas esdruxulices. 

O Mistério!


crônicas

 


Era uma manhã fria, como as outras. Eu acordei em plenas 9h da madrugada com uns gritos, umas pessoas com tom de desespero, uma espécie de medo apocalíptico. 


--Será que estou sonhando? Disse eu. 


Não, não estava sonhando. Levantei e abri a porta para ver o que houve, conversar com alguém, sei lá... Mas ao abrir a porta vi algo estranho no céu que me tirou o foco das pessoas e lançou meus olhos ao alto: um rastro imenso de fumaça no céu deixou-me espinha mais gelada que a neve ao redor da minha casa. Valha-me, Deus! Será o fim do mundo? Peguei minha câmera para comprovar aos outros que não estaria mentindo quando contasse a história. Peguei tão rápido que nem lembrei que estava descalço, na verdade eu não estava sentindo meu corpo direito. Comecei a filmar: uma câmera pequena, um medo grande, um rastro de fumaça imenso e um ponto de interrogação gigantesco. Pensei comigo:


--Se eu escapar dessa, esse vídeo vai “bombar”. Deixa de besteira. Começa a orar, garoto.


Assim fiz. Mal comecei a dizer “Pai nosso”... “Booooooooommmm” um estrondo quase estoura meus tímpanos, o maior barulho e mais assustador que ouvi.  Era o som do meteorito que chegava a nós muito depois de ter passado por cima da minha casa. Os cientistas irão dizer que foi o rompimento da barreira do som. Eu digo que foi o rompimento do resto de coragem que eu tinha em mim. Tudo que era vidro se despedaçando, pessoas gritando, carros alarmando e eu paralisado. Assim foi esse dia 15 de Fevereiro de 2013 em Chelyabinsk. Graças a Deus escapei inteiro disso, espero que quando vier outro (que Deus livre de isso acontecer), que seja bem longe daqui. Mas isso foi um aviso: Nós somos suscetíveis a muitas coisas e toda a nossa ciência e tecnologia talvez não sirva de nada um dia...

fonte: Cronica do Dia


Charles Alves







Ahhh....A Praia!!

crônicas, poesias e reflexões

Minha fascinação por ela é uma imensidão,imensurável.


 E pensar que é formada na mais tranquila e paciente espera. Foram necessários milhões de anos para podermos desfrutar de algumas horas do dia; no meu caso, de um bom feriado. Largo meus afazeres e presto somente atenção nela. O vento que vem de lá traz-me uma felicidade que não encontro nesse lado de cá. Mesmo que seja por pouco tempo, faço tudo para que esse tempo seja necessário, não para que desfrute de tudo que ela ofereça, e sim para que eu sempre sinta vontade de visitá-la. Sua voz é tão linda que tem concha que teima a imitá-la. Repare como ela é completa. Sinto o quente da areia, o frio da maré que chega. Oferece-me comida. Nunca me canso de falar dos ensinamentos da natureza. Tudo que vale a pena deve ser cultivado na medida certa do tempo. O perfeito é criado sem muita pressa, tornando-se duradouro. Que assim seja meu amor por ela. Quente quando está perto, frio quando a saudade aperta. Alimentado por tudo que está dentro dela. E que surja no tempo certo, para que possamos desfrutar na medida certa por um tempo indefinido. Para que no final eu possa prestar somente atenção nela.

fonte: https://cronicassimples.wordpress.com


“Não podes acionar alavancas que determinem tranquilidade e ordem para milhões de pessoas…         

        Por Tânia Barroso

      Entregador bateu na porta da vizinha. Devolvia  edredon lavado na tinturaria. Era verão de torrar,

cronicas




 principalmente quem andava na rua. Edna olhou o rapaz que suava exageradamente. Ofereceu-lhe um copo de mate geladinho. Ele quase chora de alegria. – Ô senhora… é benção!

Vinha do hortifruti com sacas cheias. A cada ano peço perdão à natureza por maldizer o verão. Antes que atravessasse a rua para minha calçada, fui surpreendida com o vendedor de água de côco vindo em minha direção com copo cheio. Cortesia. Quase choro de emoção.

Uma senhora gorda tropeçou na calçada quebrada e quase vai ao chão. Amparada por outra senhora, livrou-se do que poderia ser uma queda com consequências graves. Velhas em suas vidas, sorriram emocionadas pela certeza de nada terem sofrido. Compartilhar. Abraçaram-se.

Ouço música agradável. Bossa nova. “Olha que coisa mais linda”… O som vinha da praça. Resolvi conferir. Um grupo de pessoas de idades diferentes, em suas bicicletas, tocavam instrumentos com uma afinação de puro prazer. Circulavam oferecendo música.

Poesia. A vida pode ser enfeitada por poesia. É o que acredita um grupo de amigos que se reúne uma vez por mês no Parque das Ruínas, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Do alto, vista da baía de Guanabara completa a festa onde distribuí-se poesia (https://www.facebook.com/saraupoesianoparque).

Curioso que nada disso se vê em jornal nem na TV. Não mereceriam destaque nos noticiários?

Abri  livro em página qualquer. Buscava  inspiração, e lá estava: “Não podes acionar alavancas que determinem tranquilidade e ordem para milhões de pessoas… Examina o que sentes, pensas e fazes, no lugar em que vives.  Considera a importância da tarefa em tuas mãos para o engrandecimento da vida. Teu recanto – tua presença.”

outono 2015

fonte: Curta Crônicas




A fé é um território sagrado


crônicas

Antes de questionar a religião alheia, o correto é entender esse sentimento tão verdadeiro


asci numa família católica, fui batizada, crismada, mas não fiz a primeira comunhão. Não tinha sapatos, e o padre me comunicou que não poderia chegar diante de Deus descalça. Ora, onde já se viu?



Naquele tempo não era moda padre politizado, eles eram claramente do lado do poder, dos ricos. Como hoje, aliás. Por isso não misture igreja com fé. Mas, voltando à minha infância, sempre fui uma criança diferente, não sei se por viver solitária ou por ser sofrida, amadureci precocemente. Se Deus não me queria sem sapatos, eu não queria esse Deus, pronto!



Continuei indo à igreja com minha mãe, mas completamente desinteressada, até minha adolescência, quando uma vizinha me emprestou um livro de Chico Xavier. Um mundo novo se abriu. Nunca tinha ouvido falar naquelas coisas, inclusive reencarnação. Essa revelação me fez buscar mais. Descobri a sociedade teosófica, os maçons, os grandes mestres hindus, e conheci e entendi melhor Jesus! Descobri que o verdadeiro mestre é aquele que nos liberta e não aquele que nos amarra a seus pés. Aprendi que a fé é um território sagrado e ninguém tem o direito de menosprezar esse sentimento tão verdadeiro. Que as igrejas são multinacionais, donas do poder, administradas por homens que entendem de política e dinheiro. E que o amor pelo Deus que habita em todos os seres humanos e nos faz irmãos na fé, tenha ele o nome que tiver, tem que ser sempre respeitado.

fonte: M de Mulher





Crônica de Natal - autor EMILIO CARLOS ALVES


crônicas, poesias e reflexões


Quando chega o Natal todos se esmeram em dar presentes para os parentes, amigos, colegas de serviço, etc. Os mais abastados preparam a ceia com os produtos típicos da época que, devido à tradição são importados e, portanto, vendidos a preços proibitivos para a  população em geral.


Não interessa!  Até mesmo nos lares mais humildes,  a presença do Natal é sentida e comemorada de forma especial, principalmente pelas crianças, que vêem na data uma oportunidade, talvez a única, de receber um brinquedo - usado que seja – mas que para elas representaria a realização de um sonho.


Ah! Voltar no tempo, voltar à infância. Dormir, ansioso para acordar no dia seguinte diante de um presente que nos foi deixado pelo Papai Noel. Se não foi possível, a frustração do momento, dará lugar à esperança do futuro (no ano que vem, o presente virá, pois este ano Papai Noel não deve ter tido tempo...).


Mas, e o Natal? O que é o Natal?

Alguns darão um enfoque capitalista, pragmático, no qual o Natal é um período do ano em que as pessoas gastam e consomem mais, adquirindo presentes e produtos alusivos à data. Há os chamados “festeiros” ou “arroz de festa”  e, para eles, é mais um motivo para comemoração.


Há também os consumistas inveterados, chamados “compulsivos”, que aproveitam “as festas” para dar vazão a sua volúpia de compras, “atacando” o comércio “a prazo” e endividando-se para o resto do ano.


Segundo os dicionaristas, NATAL é um adjetivo que diz respeito ao dia do nascimento. É também um substantivo, dia em que se comemora o nascimento de CRISTO. É, sobretudo neste conceito que estamos interessados.


É que poucos comemoram, na verdade, o nascimento do Cristo, o nascimento de um Deus, ocorrido no meio do nada, num estábulo, perante a assistência de alguns animais.No entanto, um Rei, um Senhor, um Soberano, que veio ao mundo para anunciar o Reino dos Céus, inaugurando uma “Nova Era de Esperança para os homens de boa vontade”.


Faço votos que neste Natal tenhamos uma  “festa de aniversário”;  celebrando, cada um nós, dentro de nossas possibilidades, a Fraternidade, o Aniversário de Jesus, que é o verdadeiro e único  motivo para a comemoração.


Finalmente, dentro do chamado “espírito de natal”, façamos uma festa solidária, convidando parentes, amigos e etc.


Ah! Uma recomendação importante se faz pertinente:  Não esqueçamos de convidar o Aniversariante.

fonte: http://www.recantodasletras.com.br



“O trabalho viabiliza seus sonhos”

crônicas, poesias e reflexões


Por Itamar Alli


O trabalho possibilita ao homem alcançar seus sonhos. Somente através da dedicação e comprometimento às suas metas e objetivos de vida é que podem passar de sonhos para realidade.


O trabalho faz as pessoas aprenderem a fazer algo com objetivo de alcançar o seu crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional. É somente com o trabalho que as pessoas podem aperfeiçoar aquilo que faz. Ainda, o trabalho faz com que aprendamos a ser humildes, mais equilibrados, mais tolerantes com os nossos clientes, parceiros e fornecedores.


O trabalho dignifica o homem em sua missão e na sua trajetória para chegar ao sucesso. É fundamental para realização de uma tarefa ou função gostarmos daquilo que fazemos. As pessoas que são apaixonadas pelo trabalho têm um brilho diferente no olhar, no sorriso e, principalmente, na empatia pelo próximo.


Muitas vezes somos escolhidos pelo mercado de trabalho, e acabamos executando uma função que não gostamos, apenas por necessidade ou por questão de sobrevivência. O trabalho acaba ficando um fardo muito pesado para carregar.


O tempo não passa, não conseguimos contribuir para os objetivos da empresa, fica então, uma rotina difícil e estressante.


Uma sugestão: “Aprenda a gostar do seu trabalho, ou procure outro que atenda às suas expectativas de felicidade”.


Hoje ficamos a maior parte do tempo disponível na empresa, ou seja, trabalhando. Acaba sendo assim, muito triste, uma vida profissional sem amor, desejos e desafios.


O trabalho é maravilhoso, motivador e desafiante, quando somos apaixonados por ele. O trabalho é uma energia, uma emoção mágica, uma ferramenta para contribuir com o sucesso das pessoas.


Somente através do trabalho é possível viabilizar os seus sonhos.


O trabalho é a energia mais poderosa do sucesso!


Eu garanto!


Itamar Alli - Escritor / Professor / Conferencista

fonte: http://www.odiarioonline.com.br




Uma Lição Inesperada

cronicas, poesias e reflexões

Crônica de João Anzanello Carrascoza, ilustrada por Daisy Sartori


No último dia de férias, Lilico nem dormiu direito. Não via a hora de voltar à escola e rever os amigos. Acordou feliz da vida, tomou o café da manhã às pressas, pegou sua mochila e foi ao encontro deles. Abraçou-os à entrada da escola, mostrou o relógio que ganhara de Natal, contou sobre sua viagem ao litoral. Depois ouviu as histórias dos amigos e divertiu-se com eles, o coração latejando de alegria. Aos poucos, foi matando a saudade das descobertas que fazia ali, das meninas ruidosas, do azul e branco dos uniformes, daquele burburinho à beira do portão. Sentia-se como um peixe de volta ao mar. Mas, quando o sino anunciou o início das aulas, Lilico descobriu que caíra numa classe onde não havia nenhum de seus amigos. Encontrou lá só gente estranha, que o observava dos pés à cabeça, em silêncio. Viu-se perdido e o sorriso que iluminava seu rosto se apagou. Antes de começar, a professora pediu que cada aluno se apresentasse. Aborrecido, Lilico estudava seus novos companheiros. Tinha um japonês de cabelos espetados com jeito de nerd. Uma garota de olhos azuis, vinda do Sul, pareceu-lhe fria e arrogante. Um menino alto, que quase bateu no teto quando se ergueu, dava toda a pinta de ser um bobo. E a menina que morava no sítio? A coitada comia palavras, olhava-os assustada, igual a um bicho-do-mato. O mulato, filho de pescador, falava arrastado, estalando a língua, com sotaque de malandro. E havia uns garotos com tatuagens umas meninas usando óculos de lentes grossas, todos esquisitos aos olhos de Lilico. A professora? Tão diferente das que ele conhecera... Logo que soou o sinal para o recreio, Lilico saiu a mil por hora, à procura de seus antigos colegas. Surpreendeu-se ao vê-los em roda, animados, junto aos estudantes que haviam conhecido horas antes. De volta à sala de aula, a professora passou uma tarefa em grupo. Lilico caiu com o japonês, a menina gaúcha, o mulato e o grandalhão. Começaram a conversar cheios de cautela, mas paulatinamente foram se soltando, a ponto de, ao fim do exercício, parecer que se conheciam há anos. Lilico descobriu que o japonês não era nerd, não: era ótimo em Matemática, mas tinha dificuldade em Português. A gaúcha, que lhe parecera tão metida, era gentil e o mirava ternamente com seus lindos olhos azuis. O mulato era um caiçara responsável, ajudava o pai desde criança e prometeu ensinar a todos os segredos de uma boa pescaria. O grandalhão não tinha nada de bobo. Raciocinava rapidamente e, com aquele tamanho, seria legal jogar basquete no time dele. Lilico descobriu mais. Inclusive que o haviam achado mal-humorado quando ele se apresentara, mas já não pensavam assim. Então, mirou a menina do sítio e pensou no quanto seria bom conhecê-la. Devia saber tudo de passarinhos. Sim, justamente porque eram diferentes havia encanto nas pessoas. Se ele descobrira aquilo no primeiro dia de aula, quantas descobertas não haveria de fazer no ano inteiro? E, como um lápis deslizando numa folha de papel, um sorriso se desenhou novamente no rosto de Lilico.

fonte: http://revistaescola.abril.com.br



Os Raros Amigos

Durante a vida conhecemos milhares de pessoas, bonitas, feias, altas, baixas, gordas ou magras que, de uma forma ou outra, passam a fazer parte de nosso círculo de relacionamentos.


Algumas continuam simplesmente nossas conhecidas, colegas, parceiras em alguma atividade social ou comercial. Outras, falsas, se aproximam por interesses diversos, mas poucas, muito poucas, se tornam nossas amigas.


Entretanto, é fácil perceber pessoas utilizando a palavra “amiga” com muita facilidade, quando, na realidade, são raríssimas as verdadeiras amizades que conseguimos construir durante nossa vida.


Normalmente elas chegam devagar e, muitas vezes sem sequer serem notadas, vão conquistando, construindo esse relacionamento em bases sólidas, transparentes, adquirindo seu espaço nas mentes e corações daqueles que como amigas se aproximaram.


São lindas onde mais importa, por dentro. Valorizam suas qualidades e não os seus defeitos, te apoiam, querem te ver crescer, sorrir, te ver feliz.


Estão sempre por perto mesmo que em determinadas ocasiões sequer sejam percebidas, cuidam-nos com muito amor, mas, quando necessário, apontam nossos erros e acertos.


Apesar da natureza e jeito mais rude de ser e de falar de alguns, é com atitudes ou palavras sinceras, mas com carinho e educação, que sugerem mudanças onde estamos errando mais, nos mostrando que, na hora da verdade, ninguém engana a vida.


Por somente desejarem o nosso bem, suas opiniões e ponderações devem ser sempre consideradas mais importantes do que a de simples colegas ou companheiros. Diferentemente destes, que na maioria das vezes são simples possuidores de algum interesse em estar ao nosso lado, em nossa ausência não nos criticam, mas nos defendem.


Ainda que conhecendo nossos defeitos sempre nos apoiam e mesmo quando distantes, as sentimos próximas. Sabemos a elas poder confidenciar todas as nossas intimidades, angústias, medos, segredos ou projetos e com elas contar, nelas confiar, o que nos aproxima cada vez mais.


Buscam não nos trazer os seus problemas, mas soluções para os nossos. Pensam conosco e sobre nós. Conhecem nossos planos e de algum modo deles participam – mesmo que somente com energias positivas -, para que se tornem realidade.


Ajudam em nossas dificuldades, dão-nos paz em meio ao inesperado, sorriem ou choram conosco, e mesmo quando as decepcionamos, possuem bondade, coragem e habilidade necessárias para buscar recomeços.


Com o tempo, a vida se encarrega de colocar cada pessoa em seu devido lugar e você realmente saberá quem são as colegas, parceiras, interesseiras e as verdadeiras amigas. Normalmente, estas aparecem quando e de onde menos se espera.


São pessoas raras, difíceis de encontrar e que diariamente, com palavras, gestos ou atitudes, estão sempre agradando, conquistando, mesmo que quando necessário, nos digam um “não”.


Se, como eu, você possui um verdadeiro amigo, retribua, participe da vida dele como ele participa da sua. Mostre-lhe, com palavras e ações, como sua amizade é importante em sua vida.

Por João Bosco Leal

fonte: http://paduacampos.com.br








Biscoitos da Sorte



Caio Geraldini


 


Todo mundo já ouviu falar dos lendários biscoitos da sorte. Mensagens escritas em forma de provérbios por sábios do oriente que levantam a autoestima, mudam a vida das pessoas, conforta corações e condenam pessoas a um destino.


Jonas saiu com sua namorada Julia no aniversário de namoro, estavam juntos há dois anos. Resolveram comemorar em um restaurante chinês que abriu no quarteirão de cima. Chegaram cedo. O restaurante ainda estava vazio, havia apenas algumas poucas pessoas sentadas, casal, família com uma criança pequena que estava brincando com a comida, garçons encostados em um canto.


O Maître rapidamente arranjou uma mesa para os dois do lado de fora perto de um jardim. Sentaram, o garçom apareceu e deu o cardápio, escolheram um yakisoba de carne, e file na chapa mais guarnição. Se fartaram e conversaram muito sobre trabalho, faculdade, sexo e família. O garçom aparece com um prato com biscoitos da sorte.


- Ei. Eu não pedi isso – Protestou Jonas.


- É por conta da casa – Disse o garçom com um sotaque oriental.


- Pegue um Jonas, sempre me contam que esses biscoitos trazem sorte. – Julia passa a mão nos braços de Jonas.


- Ah melhor não. Eu não ando tendo muita sorte com essas coisas. Quem procura acha.


- Vamos, o que de mal pode acontecer?


- Acontece que se eu abrir esse biscoito e ser algo ruim, de acordo com o costume, irá se cumprir.


- Se sair algo bom, vai acontecer algo bom.


- Prefiro não me arriscar. Ainda mais depois de saber o que aconteceu com meu amigo Paulo.


- O que aconteceu com ele?


- Oras, ele abriu um biscoito da sorte: Sua cabeça vai abrir para novos horizontes.


- Idai? Mensagem bonita.


- Sim sim. Largou a família foi ser andarilho, deve estar na Europa uma hora dessas sendo mendigo ou morando em uma pensão.


- Que bobagem Jonas.


- O Márcio amigo nosso abriu: Você será outra pessoa?


- Fugiu com quem dessa vez?


- Nada disso, mudou de sexo, era Marcio e virou Márcia, loira espetacular devia ver.


- São casos isolados, deram azar só isso, não quer dizer que com a gente seja igual.


- Sei não amor...


- Vamos abra o seu. Por mim.


Ele abre o biscoito e está escrito: Quem não arrisca não petisca. - Estranho sempre escutei isso.


- É mesmo?


- Sim, eu por exemplo nunca tinha beijado uma garota, me arrisquei e dei o meu primeiro beijo no colegial.


- Ah, como foi? – Julia pensou que estava falando deles.


- Foi ótimo


- Não seu bobo, como foi a situação? – Ela dá um tapinha de leve no peito de Jonas.


- Ah eu gostava de uma menina, ela sempre me fazia sorrir, era engraçada, tomei coragem, chamei ela para ficar no recreio.


- Estranho achei que a primeira vez que a gente tinha ficado foi no cinema.


- Não era você, era a Lurdinha.


- Quem é Lurdinha?


- Já disse uma colega minha. Era a garota top do colégio, veja que sorte a minha.


- Sei... – Julia ficou com ciúmes.


- Ah faz tempo que não vejo ela. Será que ela ainda está bonita? Ela já era um espetáculo na época de colégio, conhecendo a genética do pai e da mãe deve ser miss ou algo parecido.


- Rum rum – Julia ficou incomodada.


- Taí. Faz tempo que não falo com ela, depois que ficamos, viramos amigos, estudávamos juntos, claro, sempre rolava algo a mais.


- Jonas...


- Acho que eu tenho o telefone dela em algum lugar – Jonas procura no celular – Ih devo ter anotado na agenda.


- Agenda? Você tem o telefone dela em uma agenda?


- Tenho oras, uma boa amiga a gente guarda para a vida toda, ainda mais ela. Um achado da natureza


- Já chega não aguento mais, vou embora, está tudo acabado entre nós. – Julia levanta nervosa.


- Calma Julia, não é para tanto... Você ainda não abriu o seu biscoito e....


- Calma nada, fica aí com a sua Lurdinha e o seu biscoito da sorte idiota, meu pai sempre me disse que você não prestava, na verdade todo homem não presta.


Julia sai do restaurante nervosa e Jonas fica sentado sem entender nada, ele olha para os biscoitos da sorte em cima da mesa e conclui que deveria ter levado ela a uma pizzaria.


fonte: http://www.opovo.com.br



Não se Pisa na Lua!! Eduardo Loureiro Junior


Há quem diga que, há exatos 45 anos, o homem pisou na Lua. E há quem diga que não.



Quem sou eu para suspeitar da veracidade dos depoimentos de cientistas, jornalistas e políticos? Mas compartilho com os descrentes algumas dúvidas: se o homem chegou mesmo à Lua, por que não retornou? Por que a corrida armamentista, desenvolvimentista, mercantilista, não fez com a Lua o que faz com todo lugar onde chega? Por que não ocupou, colonizou, extraiu, desnaturou? Sem desconfiar de uns nem me fiar em outros, gosto de pensar que a Lua, a Senhora da Inspiração, permitiu a aproximação do Homem pensando que alguns dos tantos que lhe louvavam em versos estavam chegando. Quando percebeu que se tratavam de militares e não de poetas, que vinham não com penas e papéis, mas com bandeiras e coturnos, a Mulher de Fases decidiu fechar seu corpo. E não há tecnologia que a faça abrir por enquanto. Talvez quando os poetas ganharem asas e puderem pousar lá sem nenhuma parafernália. Talvez, apenas talvez.


E você, que diz que me diz? 




O Dia da Caça, o dia do Caçador!

Professor Carlos Delano Rebouças




Dito popular muito usado pelas pessoas para ilustrar situações reversíveis, que outrora pareciam desfavoráveis ou desconfortáveis, que significava o sucesso de uma das partes.

Quando uma pessoa usa deste desta expressão, muitas vezes, conota um entendimento de revolta ou de descontentamento com uma situação. Pode também, parecer para alguns, porque não, sinônimo de inveja, ou até, vingança. São as mais variadas interpretações que a Psicolinguística nos permite, diante de uma compreensão sobre a língua e seu elemento social, Linguagem, também podem permitir, para uma melhor reflexão de mundo.

Por que não vemos, também, o dito popular em questão, como algo interessante para a edificação humana? Isso já acontece, mas, como menos frequência. A caça, nessa óptica, precisa enxergar a desvantagem obtida naquele momento, como um combustível para as suas pretensões de buscar uma reversão, e mudar este quadro desfavorável. Tudo isso acontecendo de forma leal e justa. Felicidade não se constrói em cima da infelicidade alheia.

Lembre-se: Ser "caçador" e "caça" no mundo de hoje requer sabedoria para tanto compreender que reflete uma constante mudança de lados, como também, que não representa um ganho ou uma perda absoluta.

fonte: http://www.opovo.com.br



SERVE CHITÃOZINHO E XORORÓ? >> Clara Braga

Técnicas para evitar sequestro relâmpago é o que não falta na internet e nos jornais. Entre e saia rápido do carro. Evite andar sozinho. Dê uma volta com o carro antes de estacionar e observe se não tem ninguém suspeito por perto. Caso tenha alguém te esperando, avise que está chegando, para todo mundo ficar de olho. Procure estacionar em locais iluminados. Enfim, por último, caso esses atos não evitem uma abordagem, não reaja!


Porém, tem uma nova técnica que as pessoas não estavam comentando até pouco tempo. Aparentemente, uma mulher se livrou de um sequestro relâmpago cantando música sertaneja para o sequestrador! Sim, ela cantou para acalmar o rapaz que parecia estar drogado e oscilava frequentemente o humor.


Seria cômico se não fosse trágico. Mas admirei a frieza da mulher, no lugar dela eu não conseguiria nem pensar, imagine cantar!! Só me pergunto se serviria outro estilo musical, não conheço nada de sertanejo. Já pensou eu começando a cantar um rock n' roll e irritar mais ainda o cara!?


Piadas a parte, a mulher disse que pensou em criar um vínculo com o sequestrador para que de alguma forma ele não pensasse que ela poderia fazer algo de ruim para ele. Achei interessante, nessas horas de pânico a gente nunca pensa em criar vínculos, mas sim em se livrar deles. Mais uma vez, admirei muito a frieza e a forma racional como essa mulher se comportou. Com certeza mil coisas passaram pela sua cabeça, ainda assim ela conseguiu manter a calma e, até certo ponto, controlou a situação.


É complicado pensar que nos dias de hoje existam pessoas que de fato não têm nada a perder e podem tirar a vida de outra pelo simples fato de estarem com vontade. E a segurança não tem ajudado muito, então o jeito é mesmo se prevenir de todas as maneiras possíveis. Por via das dúvidas, já estou baixando umas músicas sertanejas e vou começar a decorar as letras agora mesmo!

fonte: http://www.cronicadodia.com.br



EU NÃO SEI! >> Paulo Meireles Barguil 

 

 


Descobri, há pouco tempo, quão libertador é poder dizer "Eu não sei!" com convicção e sem qualquer vergonha.

É verdade que, para um professor, essa declaração pode, a depender do contexto, ameaçar sua reputação, a qual foi construída com muito estudo e renúncia. Por isso, eu só recomendo proclamá-la após o estágio probatório ter sido aprovado, no caso de servidor público. Para os que lecionam no sistema privado, recomendo que se acautelem na verbalização da mesma!

Comparo-a a um mantra (do sânscrito Man, mente,  Tra, controle), que deve ser repetido pelo fiel várias vezes, com objetivos múltiplos: meditar, energizar, adormecer, acordar...

No meu caso, acredito que essa oração se constitui num divisor de águas: tal como Moisés que, após tantos anos de escravidão, atravessou o Mar Vermelho fugindo do exército egípcio, ela me conduzirá à terra prometida.

Para um aprendiz de cientista, que adora brincar de entender a vida, as pessoas, o mundo, essa admissão poderia soar como a desistência de seu folguedo predileto.

Imagino, contudo, que estou começando a entender o que Sócrates quis ensinar quando admitiu: "Só sei que nada sei!".

O desejo e a capacidade de aprender são sagrados e se deve expressar gratidão ao Universo por nos ter concedido tais bênçãos.

Na intenção de ter uma existência mais plena e diminuir os seus medos, o Homem busca controlar e prever a natureza, ampliando suas fronteiras epistemológicas.

É fácil constatar que o conhecimento é fonte de poder. O Homem decide se vai usá-lo em prol da vida ou da morte...

Para que uma pessoa encontre a luz, é necessário que ela admita que no escuro está. Oxalá que cada descoberta propicie o incremento da alegria e da confiança em cada um de nós.

A quem me indaga se acredito que encontrarei o meu Oásis, eu respondo:

– Eu não sei!
fonte: Cronica do Dia

 

 

 

SOFÁS, SONHOS E (ZERO) LOUCURA Mariana Scherma

sonhos

 

 

Das frustrações da minha vida: eu nunca me lembro dos meus sonhos. Não estou me referindo aos sonhos de vida, como ganhar na Mega-Sena e ser vizinha do Adam Levine pra vê-lo todo dia passeando sem camisa com o cachorro. Falo dos sonhos de quando dormimos mesmo, do nosso subconsciente em ação. Tem gente que perde vários minutos do dia contando histórias que nem a melhor das imaginações poderia criar. Aquele tipo de história de filme louco francês que você só dá conta de pensar “ahn?”. Eu nunca tenho esse tipo de relato maluco pra contar. E, veja bem, eu amo contar uma história doida.



Uma vez, ao entrevistar uma médica psiquiatra que estuda o sono, fiquei sabendo que todo mundo sonha, sem exceção. A diferença é que as pessoas que podem se gabar de contar suas aventuras oníricas acordam várias vezes à noite e, aí, o cérebro acaba relembrando algumas partes do sonho. As pessoas, como eu, que não têm meia frase de loucura pra contar quando acordam, devem esse fato ao sono profundo. Não acordam na madrugada, não têm história pra contar no trabalho no dia seguinte. Simples assim.



Sempre que alguém me conta um sonho louco fico imaginando a alma dessa pessoa vagando por aí, indo pra outro país e voltando na mesma noite. Reencontrando gente morta. Descobrindo ETs. Tá, eu sei que os sonhos são todos frutos do nosso cérebro maluco, mas acho mais romântico pensar em almas errantes. Porque as almas podem tudo, certo? Meio como se existisse um mundo paralelo onde tudo é permitido, onde todas as almas se encontram e vão à farra. Menos a minha, que prefere ficar dormindo sem se soltar do meu corpo. Adoraria que ela fosse mais desprendida, mais porra-louca. Mas não, ô alma certinha do caramba.



Essa noite, por exemplo, até acordei de madrugada e me lembrei de um princípio de sonho. Estava numa loja de sofás escolhendo a cor do meu sofá novo. Veja bem, trocar o sofá já está na minha lista de coisas-a-se-fazer-até-o-fim-deste-ano. Zero loucura aí. Poderia dizer que a doideira foi a cor que escolhi, um pink meio néon. Mas, pra quem já tem um sofá verde-limão, até que essa cor é previsível. O que me entristece: de todos os lugares do mundo, de um show histórico do Nirvana a uma viagem à Rússia durante a Guerra Fria, minha alma foi escolher justo a loja de sofá a algumas quadras aqui do meu apartamento. Frustração define.


Meu pai disse que esse meu sono profundo e contínuo se deve a minha tranquilidade interior, coisa de gente pura, que não deve nada a ninguém, que pode encostar a cabeça no travesseiro e descansar. Blábláblá. Eu quero encostar a cabeça no travesseiro e viajar. Eu quero me assustar com tudo o que se esconde nos cantos obscuros da minha mente. Eu quero ser essas jornalistas que acordam com uma ideia pra um livro e ficam milionárias com uma saga. Mas meu subconsciente só alcança a loja de sofás mais próxima. Tão normalzinho. 
fonte: Cronica do dia




A VOLTA  -  Whisner Fraga


Depois de uma semana fora, me lembrei que não há melhor lugar no mundo do que minha casa. Viajar é bom, conhecer lugares novos é ótimo, mas parece que a estrada só serve para nos mostrar que a saudade exige que retornemos. Até Helena não aguentou e hoje pediu para vir embora. Como é dia de Parada Gay, decidi que sairíamos bem cedo, para evitar um possível congestionamento.

Na altura do quilômetro 80 da Rodovia Bandeirantes, porém, surgiu uma enchente de carros e motos. Como o plano era uma parada no Posto 56 para um almoço, ponderei que ainda poderíamos escapar. Cabeça fria. Paramos, enchemos o tanque, esticamos as pernas. E seguimos para o restaurante. A comida é boa, mas muito cara, como de praxe em todo estabelecimento de beira de estrada.

Saímos da Flipoços para a casa dos sogros. Em Poços, tive a oportunidade de me reconciliar com a literatura. Vinha meio arredio. Vocês sabem, né, o Brasil não é nem de longe o país das letras e, lá fora, ninguém se interessa muito pelo que escrevemos. Somos o país do futebol, dos movimentos dos sem-terra, sem-teto, sem-emprego, o país da copa, das olimpíadas e da corrupção. Nada animador.

Mas quando eu redescubro que há uma meia-dúzia de gente neste país que se interessa por um bom debate, acabo me rendendo. Foi o que encontrei na pequena e bela cidade do sul de Minas Gerais. E consegui ler vários trabalhos inéditos, que venho preparando ao longo destes anos. 2013 foi um ano de pouca produção, pois houve uma mudança um tanto radical em nossa vida. Parecia haver tanta coisa mais importante no mundo do que escrever que abandonei a caneta por um tempo.

Mas 2014 está sendo surpreendente. Trabalho, a todo vapor, em um romance, que ainda não sei quando vai terminar, pois escrevo, escrevo e escrevo, mas não encontro um ponto final. A história vai se reinventando. Consegui terminar, logo em janeiro, um livro de micro e minicontos, que se chama Lúcifer e outros subprodutos do medo. Os microcontos, em especial, fizeram sucesso na festa literária. Cito um, cujo título é “Câmbio”:

Uma imagem vale 2056,8 palavras.

De volta, os gatos vêm nos receber e o grito costumeiro de Helena ecoa pela vizinhança paulistana, agitada, impaciente: Bichos, bichos! É a alegria de estar de volta na parte que lhe cabe deste latifúndio. Corre para seu quarto e tira todos os brinquedos da caixa, pois deseja averiguar, conferir se todos ainda estão lá. Nada é mais lógico nesta existência do que nossas raízes.

fonte: http://www.cronicadodia.com.br

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Para Compartilhar ----- Carla Dias

Um verbo que anda fazendo um sucesso estrondoso é o compartilhar.
Um verbo que anda fazendo um sucesso estrondoso é o compartilhar.
Quando pequena, era de praxe ter de compartilhar uma série de coisinhas com as minhas irmãs e irmão, com minhas primas e primos. Aprendemos, assim, que basicamente nada nos pertence, mesmo quando temos certeza da posse. Aliás, certeza é das coisas mais flexíveis que conheço.

Com o passar do tempo, esse compartilhamento se estendeu a outros departamentos: lanche da amiga na hora do recreio, sonhos, roupas da mãe, fofocas da escola, maquiagem da tia, corações partidos, sapatos das irmãs, a vida se tornou praticamente um brechó familiar com direito a sacolé + bate-papo.

Até aí, compartilhar tem a ver com a forma como somos criados, as condições às quais somos submetidos e a pais que compreendem a importância de ensinar aos filhos como se colocar o verbo em prática. A partir do momento em que nos tornamos autossuficientes para assumir a autoria das nossas escolhas, compartilhar se torna bem mais complexo.

Por exemplo, tem gente que adora compartilhar reclamações. Eu sou a favor da reclamação. Há dias em que uma bela sessão de reclamações a um amigo pode funcionar melhor do que várias de terapia. Para mim, reclamar tem função de desopilação. Mas quando vejo que estou passando da reclamação para a autopiedade, finalizo a sessão e vou tomar um café. Compartilhar preocupações e dúvidas não significa que a sua vida é a única com altibaixos, mas sim que alguém que lhe quer bem topou ser seu terapeuta por algumas horas.

Na teoria, compartilhar ganha um toque romântico que, às vezes, sobrepõem-se à importância do feito. Todos nós compartilhamos algo com alguém, isso é fato. Mas então, entra nessa equação a forma como o fazemos, se com o desejo de oferecer ao outro parte da própria boa sorte, ou se apenas para cumprir o dever para aparecer bem na foto publicada nas redes sociais.

Voltando à época em que era criança, lembro-me de que nem sempre compartilhar era fácil. Afinal, que menina quer abrir mão de sua boneca, mesmo enquanto não brinca com ela, para que outra menina se divirta? Com o tempo, isso se tornou fácil, porque aprendi, assim como a criançada companheira da minha infância, que para compartilhar é preciso participar da alegria do outro, o que, se permitirmos, pode nos fazer muito bem.

Como eu disse, compartilhar é um verbo que está na moda, principalmente por conta da sua função nas redes sociais. E o que realmente eu quero dizer, compartilhando essas palavras com vocês, é que ele tem um alcance e importância muito maiores do que a ele creditamos. Sendo assim, tome conta dele, aplique-o -  nas redes sociais e fora delas - de forma legítima, por acreditar no bem que esse compartilhamento possa fazer. Por acreditar no que está compartilhando, seja pelas suas ações ou pelo seu conhecimento, seja pelo desejo de espalhar sabedoria ou de cultivar alguns sorrisos.

Nesse dia, em que celebramos mais do que as compras que conseguimos fazer com bons descontos, compartilhar me parece um verbo perfeito. Use-o com sabedoria, hoje e sempre.

fonte: http://www.cronicadodia.com.br


UMA VIAGEM EM CADA CHEIRO - Mariana Scherma


Já perdi as contas de quantas vezes vi o filme Alta Fidelidade, baseado no livro de mesmo nome do Nick Hornby. Adoro a trilha sonora, as sacadas e, sobretudo, a interpretação de John Cusack para o personagem Rob. Um fim de semana desses, reprisou em algum canal e lá fui eu pela 1894ª vez assisti-lo. Quase no fim, eu me deparei com essa frase do Rob, citando as cinco coisas que mais sentia falta da namorada, uma delas era o cheiro: “I miss her smell, and the way she tastes. It's a mystery of human chemistry and I don't understand it, some people, as far as their senses are concerned, just feel like home”. [Sinto falta do cheiro dela, e de seu gosto. É um mistério da química humana e eu não compreendo, mas algumas pessoas, no que se refere aos seus sentidos, são como se sentir em casa. ] Concordo demais. O cheiro é uma viagem muito subjetiva. Algumas vezes nos leva pra um lugar ótimo, outras é o tipo de viagem que não faz falta, não... Tipo aquela ida à praia lotada, com falta d'água e trânsito péssimo.

A coisa que mais adoro nos cheiros é como eles nos transportam pra épocas que nossa memória nem sempre 100% se lembrava. Quantas vezes já não andei pela rua, senti o aroma do feijão saído da panela de pressão e fiquei pensando no feijão da minha mãe. Sou maluca por feijão. Talvez porque, mesmo com 30 anos nas costas, meus pais ainda acham que é melhor eu não ter uma panela de pressão, sob o risco de incendiar o prédio onde moro. Veja bem, moro longe deles desde os 18, nunca queimei nada na cozinha, mas acho digno respeitar essa vontade deles. (Parênteses necessários: troféu melhor filha do mundo vai para... ?).

Também já quis fazer amizade e pedir um prato de comida na casa de pessoas desconhecidas por conta do cheiro de bife acebolado e molho de tomate. Café, então... Ainda vou invadir uma casa na esquina no meu caminho pra academia pra tomar um gole de café. Que café cheiroso! E olha que amo meu café (é das poucas coisas que sei fazer bem). Quando era criança, já fiz meu pai pedir um pedaço de carne do churrasco do vizinho da minha avó. Por que a gente cresce, né? Ser criança facilita esses momentos. Já coloquei meu pai e minha pai em cada situação que deve ser por isso que respeito a vontade deles a respeito do item panela de pressão. Só pode.

Quantos perfumes já deixei de usar e passei pra frente porque me lembravam antigos romances. Era passar um pouco e voltar à história automaticamente. A sorte é que mamis está sempre pronta pra receber um perfume seminovo, carregado nas recordações. Até hoje passo longe de vinagre por conta da minha boa memória olfativa. Quando era criança, veio uma epidemia de piolho na escolinha que frequentava. Eu chegava em casa e minha mãe lavava minha cabeça com vinagre. Eu, sempre louca por banho, tive meu momento tudo-bem-ficar-sujinha, porque ô cheiro do capeta! Me transformei numa pessoa que detesta vinagre, que tem ânsia quando sente o cheiro e que faz cena quando, sem querer, come algo com o tempero. Nunca tive piolho, é verdade. Mas talvez o cheiro do vinagre tenha afastado alguns amiguinhos, além das pestes-sugadoras, claro. Minha mãe não passou açúcar em mim, preferiu vinagre, olha só...

Mas o cheiro que me traz a melhor das recordações é o de roupa limpa. Sabe aquele aroma de amaciante gostoso? Vale mais do que todos os perfumes importados do mundo. Esse cheiro me lembra carinho, amizade, proteção, sono até tarde no domingo, travesseiro fofo. Quando conheço alguém com cheiro de roupa limpa, sei que pode ser o começo de uma boa amizade. É o cheiro que vale por um abraço forte. Gente que sai de casa com roupa cheirosinha é como se dissesse: sou gente boa, pode confiar. É gente que merece um abraço forte, fala aí! É gente que definitivamente faz a expressão nordestina "venha me dar um cheiro" fazer sentido. 

fonte: http://www.cronicadodia.com.br


QUE FUTURO É ESSE?  Clara Braga


Com criança, você sabe né, não pode nem piscar! Imagina então com 24 crianças juntas, as vezes é melhor nem respirar. Mas eu respirei… aliás, respirei e pisquei! Como já era de se esperar, foi o suficiente para um correr até o outro e acertar um chute no colega. O outro não deixou barato, correu atrás do um e revidou. Me senti naqueles cenários de filme americano, quando uma criança começa a brigar com a outra e as outras da turma fazem uma roda envolta dos lutadores e gritam: briga, briga, briga!!

Claro, antes que esse cenário pudesse de fato acontecer, eu separei os dois. Me lembrei na hora de um artigo que eu tinha lido que dizia que quando crianças agem desse jeito o melhor é conversar com elas como se fossem gente grande e explicar que aquele ato é errado. Bom, fui testar a tal afirmativa. Levei todos para a sala e disse: gente, vamos conversar aqui numa boa, vocês já estão grandinhos, então sei que podemos resolver isso sem chamar pai e mãe na escola, não é mesmo? (Será?). Bom, segui com a minha tentativa: ninguém gosta de ser desrespeitado, certo? E para que a gente seja respeitado como gostamos, o que temos que fazer? Eles prontamente responderam: ser gentis, ser amigo, respeitar nosso colega, pedir desculpas e etc. Surgiram várias respostas bem interessantes, então segui com o bate papo: então, se a gente gosta disso tudo que falamos, se por acaso um colega estiver em um momento difícil, estiver chateado, e sem querer (até porque eu sei que aqui ninguém bate em ninguém por querer, não é mesmo?) bater em você, como você deve agir?

Me arrependo amargamente de ter feito essa pergunta, tive que ouvir coisas como: revidar, lógico, a pessoa tem que entender que ela não tem o direito de fazer aquilo, e pra ela entender isso você bate! ou então: vou apanhar e vou ficar quieto? É claro que vou bater de volta, não vou ficar apanhando de graça!

Não acredito que essas crianças tenham compreensão do real significado do que elas disseram, nem da real gravidade do problema. Muito menos cabe a mim dizer que a culpa é da família ou da escola. Mas realmente acredito que em uma época onde as pessoas não se dão bom dia quando entram em um mesmo elevador, mas se unem para espancar uma mulher até a morte acusando-a de algo que ninguém pode nem comprovar, deveríamos refletir muito sobre a educação das crianças e sobre o mundo no qual elas estão crescendo. 

A verdade, gostemos ou não, é que somos todos um pouco culpados por esse pensamento, e se não quisermos viver em um mundo completamente caótico, se não quisermos que essas crianças sejam as próximas a estarem matando e roubando por aí, está na hora de sairmos da nossa pequena zona de conforto e começarmos a fazer nossa parte! Vamos parar com essa mania de querer fazer justiça com as próprias mãos e vamos nos unir pelo que realmente vale a pena! 

fonte: http://www.cronicadodia.com.br
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Não resisto.

 Hoje dedico as minhas palavras aos homens.
. Aos serenos bravos que lidam diariamente com os femininos paradoxos comportamentais. Aos românticos inveterados que, desesperando ou não, vão esperando o seu dia de viver um amor-fusão.
Aos Don Juans deste Mundo, que esvoaçam de flor em flor sedentos de erógenos néctares.
 Sim, é com firmeza que enalteço os homens filhos, os homens pais, os homens maridos, namorados, amigos, amantes; apaixonados ou não; encantadores ou desencantados; protetores ou protegidos
A todos confesso a minha admiração pela coragem que vão tentando fazer nascer em si em cada relacionamento, qualquer que ele seja, com o terrível mistério que para eles representamos
 O que pensamos? Como funcionamos? O que sentimos, por eles e por tudo o resto? Que sonhos nos movem? Que medos nos paralisam? O que é que nos ativa a paixão, nos atiça a imaginação e nos fomenta a evolução? Como podem lidar com os nossos velados silêncios, com as nossas oscilações de humor e nuances de sentimentos? Que pactos divinos terão que fazer para nos chegarem algum dia a compreender inteiramente? Pois.
 É uma tarefa hercúlea, colossal e assustadora.
É por isso, queridos homens, que aqui vos deixo carinhosas palavras de alento.
 Porque por mais difíceis, assustadoras e incompreensíveis que sejam as mulheres, os seus genes de amor estarão para sempre direcionados para a missão de vos amar e cuidar.

 Ana Amorim Dias






Uma crônica quase romântica

Já não dá mais para disfarçar, está nos seus olhos, nos seus gestos, no seu olhar. Até a sua tia mala já percebeu e perguntou: “Vocês estão namorando?” e você continua no mesmo papinho de “somos só amigos”. É princesinha, meus pais eram amigos e eu nasci.
É rapaz, até os amigos do futebol já perceberam. E não tente disfarçar, a gente já sabe que você dá até pause no Xbox para responder os sms dela. Comento o dia que viram você rabiscando o nome dela no seu caderno e você mentiu dizendo que era o nome da sua mãe? Deprimente.
E não me venha com aquela história de somos amigos desde a era mesozoica que não cola, não mesmo. O amor se percebe na ternura que exala das pessoas, na química – ou na física, dependendo do caso – que rola. O amor não escolhe pessoas, bolsos gordos ou lindos olhos verdes. Ele escolhe corações, amigos ou não.
Mas eu estou falando de amor, amor mesmo. Não estou falando de borboletas no estômago, isso são gases. Também não estou falando de tremor nas pernas, porque isso é falta de cálcio. O amor é outra coisa. E se você tiver certeza que é essa outra coisa, por que não arriscar? Não é difícil...
Se você gagueja ao falar, não sabe cantar, não sabe tocar violão, sax muito menos, só há um jeito: escrever. Mulheres adoram poesias, garotos também gostam de receber declaração. E confesse uma coisa, escrever nem é tão difícil assim. Até recado no papel de pão está valendo. Mas se você quiser ser romântico, galanteador, mande mesmo uma poesia. Vou ensinar como é:

Meu pãozinho de ló,
Só de ver-te minha glicose chega ao céu,
Aumentará mais ainda
Quando da tua boca eu experimentar o mel.

Se da noite és a minha estrela
E a paçoca da minha lancheira,
Como poderia deixar calado
Esse coração que esperneia?

Se és a princesa do meu Mário,
E a Aorta do meu coração,
Viver sem ti seria o mesmo
Que tentar respirar sem meu pulmão.

Simples e rápido, você ganhou o coração dela ou dele. Não tem mistério, é só colocar o amor e a criatividade no papel e enviar a carta. No amor vale de tudo, só não vale deixar o boyzinho escapar e tomar o lugar da tia chata
fonte: http://www.omundosobomeuolhar.com.br
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Outro dia fui almoçar num shopping de São Paulo e vi dois homens subindo a escada rolante de mãos dadas. Fiquei pensando na coragem daqueles sujeitos, porque todos andam acompanhando que a coisa anda feia para o lado dos homossexuais. Infelizmente, é lógico. Achei muito bonita a atitude do casal, o carinho que demonstravam um pelo outro, mas ao mesmo tempo fiquei com receio por eles. Em todo lugar há gente belicosa, disposta a bater, a atirar, para defender seus preconceitos.


Aí o pensamento debandou para os lados do Vaticano. É claro que a igreja católica não aceitará tão cedo a união gay. Para que a admitisse, seria necessária uma edição revista da Bíblia, que em vários pontos condena o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esperar que um Papa dê sua benção sobre este assunto, portanto, é bobagem. Mais fácil seria que os homossexuais desistissem dessa história de religião e focassem em Deus, que, se existir, deve ser um ente livre de intolerâncias. 

Eu mesmo já participei de missas e vi muitos padres gays professando a fé nos ensinamentos cristãos, como se a doutrina pudesse livrá-los da homossexualidade. Tenho minhas dúvidas, como de resto todas as pessoas deveriam ter. Para não espalharem que falo sem conhecimento de causa, tenho dois queridos amigos que tentaram refúgio na sacristia e voltaram desolados, porque não conseguiram “se curar”.

A violência, como qualquer criatura que tenha estudado o mínimo de história sabe, é um mal da humanidade. O homem é violento por natureza e não há o que se fazer para modificar isso. O que as pessoas rotuladas como “boas” fazem é tentar bloquear sua essência por meio de palavras e, algumas vezes, ações. Mas quando a coisa esquenta, pode ser um santo, que se o gatilho estiver ao alcance, ele o pressiona. Depois basta o arrependimento para chegar ao perdão.

Conheço o estrago que as religiões produzem em nossa sociedade, mas quem não estiver por dentro, pode dar uma lida no livro “Deus não é grande”, de Christopher Hitchens. Bom, mais uma vez me pergunto: que importância tem para os homossexuais a aprovação da igreja? Não sejamos ingênuos, é claro que o reconhecimento de uma entidade tão poderosa seria interessante. Bastaria uma palavra e certamente algo mudaria na cabeça dos cristãos.

Vejam bem: não acho errado que uma pessoa exerça seu poder de escolha religiosa, mas o velho ditado ainda é válido: seu direito termina onde começa o meu. Não gosto que me abordem para tratar de um tema de natureza tão íntima, quanto é a crença em algum Deus. Não aprecio que pessoas sofridamente preparadas venham tentar me convencer que existe um paraíso fora daqui e que, quanto mais eu sofrer neste mundo, mais certamente terei acesso a ele.  

Mas estou tratando de um assunto delicado. Fato é que toda manifestação de carinho é um negócio muito bonito, de maneira que, ao ver os dois homens de mãos dadas no shopping, senti que meu dia melhorava, que as agruras da manhã se dispersavam diante daquela alegria que chegava, sorrateira. Haverá um dia em que não será mais proibido expor em público o afeto que um ser humano sentir por outro. 
fonte:http://www.cronicadodia.com.br














Crônica do Amor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim. 

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.
Arnaldo Jabor











Você não pertence a esse lugar...






— Foi você quem me convidou.



— Mas você não percebeu? Não se sentiu deslocado?



— Quem manda aqui é você.



— Engraçado... Sempre achei que fosse o contrário...



— Eu mando aí, no seu mundo.



— Tá bom, tá bom... Vá um pouco mais pra frente.



— Não do lado daquela ali!



— Mas não sou eu quem manda?



— Você poderia mandar ela sair de lá.



— O que o assusta nela?



— Prefiro você.



— Apesar de não poder tocá-lo, apenas mudá-lo de lugar?



— Você podia entrar aqui.



— Desajeitada do jeito que sou, te derrubaria lá embaixo... E lá é meio perigoso, sabe?



— Aqui não há como se machucar.



— Há sim... Se eu entrar e gostar, desejar ficar...



— Lembra daquela história?


— A que eu não soube contar?

— O que lhe deu?

— Faltou o ar... Engasguei... Achei que fosse morrer.

— Morra, na próxima vez.

— Curioso é que pensei em morrer agora. Devo?

— É só vir até aqui.

— Você não é diferente do que imaginei...

— Ela não gostou de você estar aqui.

— Não consigo convencê-la a partir e viver em paz longe daqui.

— O que ela faria se eu lhe beijasse?

— Se sentiria como quem perde o chão... o gosto.

— Você não manda mais aqui.

— Não... Eu já pertenço a este lugar.

— Seu beijo...

— É seu...

— Ela sumiu.

— Sentiu-se fora do contexto.

— Você está diferente.

— Acho que me perdi dos parêntesis... É liberdade?

— Preciso ver à distância para avaliar.

— Que distância seria essa a nos separar?

— Vou ver você do seu mundo.

— Sinto medo por isso... Se gostar de lá...

— Parece bom aqui.

— Me vê?

— Você parece pequena.

— E onde ela está? Daí ela é tão...?

— Sinto saudades dela.

— Ela está me rondando...

— Ela está apenas vindo para cá.

— Vocês vão me abandonar aqui, não vão?

— Você mereceu isso.

— Achei que quisesse meu beijo...

— Ele já tem os meus beijos, queridinha.

— Ele tem minha vida nas mãos...

— Sinto muito, eu preciso lavar as mãos agora.

pesquisa do blog Cronica do dia











O medo do Amor



Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.



O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade. 


E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.


Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.



Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.
Martha Medeiros




Despedida

E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.




E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil. 

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus. 

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.


Extraído do livro "A Traição das Elegantes", Editora Sabiá – Rio de Janeiro, 1967, pág. 83.

Rubem Braga










2 comentários:

  1. ADOREI SEU BLOG.PARABÉNS E SUCESSO COM CARINHO.MARIA

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  2. Oi, Mari!!!
    Realmente é uma linda crônica de reflexão sobre o cheiro de um perfume.
    Muito sucesso no seu blog de poesias e reflexão.
    Parabéns pelo o seu melhor no seu trabalho.
    Tenha uma ótima semana e até mais!!!

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