Havia no ar um pouco
de marasmo
desses que se escondem
sob cobertores
quando a precisão do clima
imprecisa-se.
Mas você continua sempre
a mesma,
porque debaixo dos cobertores
nem te vejo,
e você deixa sobrando o meu
desejo para depois.
Noites... desse não querer
mais nada,
onde os olhos se fecham
a todos sonhos
e fica no ar apenas alguns
momentos fugidios.
Você diz não ter ciúmes
e se esconde
debaixo de teu travesseiro
bem macio,
pois apenas hoje você
descobre o que mais quer.
E mesmo assim nem quer
saber de nada,
pois teus sonhos são
melhores que a realidade...
já que em tua vida breve
agitam-se os momentos
de nós dois...
cúmplices do amantíssimo
desejar.
Voa, de repente, o cobertor !
Hum...agora
ela vem bem quentinha !
O frio já passou...já se
despediu...
Ela então estende seus
longos braços
sobre meu corpo...meio
adormecido.
Ela quer...eu já sei...
ela quer tudo...
mas de repente...recolhe
o braço...
salta da cama...como uma
dançarina num palco
e voa como uma anja.
E apenas diz: amor te amo...
já venho, tá ?
Bem...e o resto da história...?
Ah...você já sabe, não é ?
Cássio Seagull